terça-feira, fevereiro 17, 2009

Quotidianos…

A propósito de um texto que aqui escrevi, mandaram-me um comentário que me fez sorrir e do qual partilho um excerto…

"…és um ser entre o touro bravo que investe e a pomba branca que pacifica
(palavras de Natália Correia com uma pequena alteração verbal) …"



(Desligar, por favor, a música de fundo para ouvir o vídeo)


Boa semana a todos

sábado, fevereiro 14, 2009

... façamos de conta

Confesso que há muitos anos deixei de me interessar por política abandonando as actividades que, por amor à “camisola”, me fizeram correr durante alguns anos, talvez porque perdi a inocência de acreditar que os políticos andavam, igualmente, por amor a formas de luta por um mundo melhor.

Mas, esse facto, não implica que tenha deixado de continuar a ser uma observadora, bem critica, a tudo o que se passa em meu redor.


Não concordando, muitas vezes, com muitas coisas e, em especial, com a forma, por vezes, alarmante e bombástica de dar certas notícias, não posso deixar de partilhar o artigo de Opinião de Mário Crespo, no Jornal de Noticias (passe a publicidade ao meu amigo J.N.)

 Imagem Google


"Está bem... façamos de conta"


"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês.

Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível.

Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.

Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção da média.

Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.

Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.

Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".

Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda).

Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.

Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.

Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade".

E Manuel Alegre também.

Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores.

Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.

Façamos de conta que não há SIS.

Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso.

Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos.

Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas.

Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa.

A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos."

(Mário Crespo in Opinião, Jornal de Notícias, 09 de Fevereiro de 2009)


E porque hoje é dia de comemorar,

 desejo a todos os apaixonados e… não só…




terça-feira, fevereiro 10, 2009

BaloiçArte

Imagem Carlos P. Feio (estudo para suave menina)

reinventar o mundo
nas cores que tem
nos contrastes apresentados
mas filtrados pelo nosso ser
condimentado pela filosofia
que fomos construindo
enquanto ele mundo
se transformava
e durante a nossa vida
a isso assistíamos

reinventar o mundo
é a minha pintura


Desenho de Carlos Peres Feio


Confesso que me perdi muitas vezes a ler a poesia que Carlos Peres Feio compartilha nos seus blogues bem como a admirar os seus belos desenhos, que já tive a ousadia de levar "emprestados", para ilustrar alguns dos meus temas, por isso é com muita alegria que, partilho com todos, o lançamento da sua obra e vos deixo, o presente


C O N V I T E



Com Prefácio e apresentação de António Feio
Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos,
14 de Fevereiro, 17 horas


Contamos com a vossa presença!

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

versoREverso

Imagem de Renso Castaneda Zevallos

nada do que fui
permanece intocável

o rosto o nome
tudo se apaga

porque a memória
é montanha
que se desfaz
nas mãos pacientes do vento

in Lições de Thanatos


Pág x – Colecção versoREverso

 Pintura de Daniel F. Gerhartz


a espuma cobre a nudez

o silêncio
de sacra admiração

desenha o corpo
no murmúrio da água

José Félix
, in Lições de Eros,

Pág. xxiii – Colecção versoREverso

terça-feira, fevereiro 03, 2009

O Amor em viagem... Vila Nova de Gaia (Porto)

Pintura de Andrew Larsen


É um nada Amor que pode tudo,
É um não se entender o avisado,
É um querer ser livre e estar atado,
É um julgar o parvo por sisudo;

É um parar os golpes sem escudo,
É um cuidar que é e estar trocado,
É um viver alegre e enfadado,
É um não poder falar e não ser mudo;

É um engano claro e mui escuro,
É um não enxergar e estar vendo,
É um julgar por brando ao mais duro;

É um não querer dizer e estar dizendo,
É um no mor perigo estar seguro,
É, por fim, um não sei quê, que não entendo.


(Poema "Definição do Amor" de autor Anónimo do século XVII-XVIII-Portugal)



Poema constante de uma colectânea que nos vai oferecer um poema para cada dia do ano, em "Os dias do Amor", com recolha, selecção e organizaçãode Inês Ramos, com prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho e que terá a sua próxima apresentação no El Corte Inglês de Vila Nova de Gaia e para o qual vos convido a estarem presentes, na próxima quinta-feira, 5 de Fevereiro, pelas 19,30



Contamos com a vossa presença!

domingo, fevereiro 01, 2009

Entre a realidade e a ficção...

O sol despontou pela manhã e a passarada carente dos seus raios, qual Primavera que se anseia adivinhar, após uma noite de temporal, saiu dos seus ninhos oferecendo-me um dos mais belos concertos que poderia ouvir àquela hora matinal.

Os melodiosos trinados e o adejar daqueles pequenitos seres que, quase me ombreavam, no decorrer do tempo que ali estive a ouvi-los, recordou-me uma história que me é muito grata, porque, indirectamente, estive envolvida nela…


Fui sempre uma romântica incorrigível e uma apaixonada por histórias de amor apesar de que, com o decorrer do tempo, a vida ensinou-me que, nem todas as histórias de amor acabam bem e, nessas alturas, um imenso vazio acontece.


É uma dessas histórias que vos quero contar, uma história num mundo que, tanto nos pode oferecer felicidade ou infelicidade e onde, também, os sonhos são por vezes, impossíveis de realizar.






Desenho de Aline Jéssica


Salvador Kidd é o meu jovem e alegre vizinho, num local cheio de ilhéus lindos e onde cada um de nós vive na sua ilha privada; o seu rosto quase infantil, adornado por uns belos olhos azuis, contrastava com o corpo enérgico e musculado, que deveria fazer a delícia de muitos olhares.

É um vizinho atento e observador, como o provou das variadíssimas vezes em que me ajudou em muitos arranjos da casa que chegou a ser o... meu sonho irrealizável.

Sentia-o triste muitas vezes, mas nada lhe perguntava e assim íamos cimentando a nossa amizade por entre as frondosas árvores da ilha.

Quando tive que me ausentar durante algum tempo, sabia que ele manteria a casa sob vigilância mesmo nada lhe tendo pedido.

Do alto do meu morro, algum tempo depois do meu regresso, reparei nas grandes mudanças existentes no seu terreno.

Quando me veio cumprimentar adivinhava-se alegria na sua voz e foi no mesmo tom que lhe perguntei:

-"Então Salvador, grandes mudanças aqui…" foi com a sua gargalhada de menino traquina, que tanto me fazia sorrir, que me respondeu na sua voz pausada e firme:

-"Sabes, conheci uma miúda fabulosa… não consigo deixar de pensar nela"

-"E já lhe disseste isso?” perguntei com um sorriso

-"Não…"

-"Então porque esperas? Força..." e deixei-o no seu trabalho, feliz, por o "meu" menino ter recuperado a alegria.

Dias mais tarde, ao regressar de novo a casa, após nova ausência, ouvi a sua voz:

-"Olá… posso levar aí a Jessica para a conheceres?"

-"Claro, com todo o gosto", respondi alegremente

Foi o começo de uma empatia e ternura por aquela que, presentemente, me trata carinhosamente por "madrinha", enquanto acompanhava, à distância, o namoro deles e assistia às suas brincadeiras juvenis na praia ou nas tardes passadas entre as duas, falando de questões muito próprias de mulheres.

As suas brincadeiras faziam-me rir e as palavras carinhosas que trocavam mesmo à minha frente, lembrou-me tempos idos em que, alguém, também carinhosamente, me tratava com a meiguice dos tempos de namoro.

Como é belo o amor… pensava quando os ouvia juntos.

Até que um dia a voz de Jessica exultava... "O Salvador pediu-me em casamento…" e exibia orgulhosa o anel, onde um S se destacava na pedra que brilhava… e contou-me todos os pormenores daquele momento mágico.

Sorri com a felicidade dela, colhendo-a um pouco para mim; afinal, nos sonhos dos outros, também podemos ser felizes.

Salvador Kidd e Jessica Broono, são personagens que vivem no mundo real, mas que sonham, vibram, confiam, partilham mundos encantados onde existe, realmente, uma dádiva única… conseguirmos tocar a sensibilidade de cada um dos intervenientes.


Grata a ambos pela amizade e disponibilidade e de me terem, igualmente, dado o privilégio de vos conhecer.